domingo, 27 de janeiro de 2008

RESUMO

Estudo sobre o uso do samba-enredo e das escolas de samba como marketing político no carnaval campista. Na realidade, as pesquisas indicam que, nos anos 60, o pioneiro dessa atividade foi o carnavalesco Benedito Caetano, que fez uma inusitada música para elogiar o político Carlos Ferreira Peçanha e outra para promover uma famosa marca de cachaça muito em voga na ocasião.
Contudo, só em 1998, tem início o processo de se promover políticos e funcionários destacados do governo – prefeitos, deputados, vereadores, chefes de setores da administração, governadores de Estado e etc. O ex-prefeito e ex-governador Anthony Garotinho, que bate os recordes de homenagens por parte das sociedades carnavalescas, foi o primeiro destaque por parte da Academia de Ritmos Amigos da Farra.
Depois, outras sociedades fizeram o mesmo e (hoje) os enredos históricos foram relegados a planos secundários, embora se saiba que o município é muito rico de lendas, mitos, folclores, representações simbólicas e há, em seu mural de saudades, personalidades importantes como Saldanha da Gama, José do Patrocínio, Múcio da Paixão, Viveiros de Vasconcelos, Gastão Machado e tantos outros que, pelos seus serviços prestados, bem que mereceriam uma homenagem por parte das escolas de samba.
O trabalho mostra, também, que até mesmo os homenageados se mostram contrários aos enredos com conotação política, como o próprio ex-governador Anthony Garotinho e há (até) pessoas não tanto expressivas que se acham, vaidosamente, merecedoras das homenagens e outras nem tanto. Alguns jornalistas e radialistas mostram-se, por outro lado, favoráveis “a liberdade de escolha dos temas por parte dos carnavalescos”.
Para reforçar o motivo que nos levou a estudar o assunto, o vereador Geraldo Venâncio entrou com indicação na Câmara Municipal, solicitando uma regulamentação que proíba o uso do samba pelo marketing político, ficando o assunto por conta de uma solução por parte da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima e o prefeito Alexandre Mocaiber, a quem caberá uma decisão final, que passe a vigorar no carnaval de 2008.
As pesquisas mostram, ainda, que o carnaval campista está decadente, registrando-se a ausência da classe média e a diminuição das classes mais baixas, isso para não contar com a briga de grupos que dominam o tráfico de drogas na cidade. O melhor indicativo, no entanto, é o de que, para salvar o carnaval, é preciso mudar.

Nenhum comentário: