domingo, 27 de janeiro de 2008

07.1.3 – 1980

O cronista carnavalesco mais importante daquela época era o radialista Nilson Maria Pessanha, que assinava uma coluna especializada. Em 1 de fevereiro, ele enalteceu os investimentos de CR$ 2,5 milhões para o carnaval, reportando anúncio do prefeito Raul David Linhares Corrêa que, ainda, oferecia prêmios em dinheiro para o melhor bloco de sujo e melhor folião fantasiado – uma tentativa de recuperar o (já naquela época) falido carnaval de rua, substituído pelos desfiles encarcerados nas avenidas “iluminadas”.
No dia 2, a manchete informava que o Bloco Dengoso do IPS homenagearia Chacrinha, o Velho Guerreiro, bem como o ainda Bloco Onça no Samba abriria seu desfile para enaltecer a figura de Beralício, fundador do Império do Samba, entidade que tinha sede à rua Teixeira de Melo, no Parque Leopoldina. Ao mesmo tempo, o carnavalesco João Barros Filho lamentava que o seu Bloco Canarinhos de Guarus tinha caído para o segundo grupo, perdendo a hegemonia para o Berimbau de Ouro.
Nilson Maria publicava, na edição do dia 5, uma raríssima foto dos sambistas Ataíde Dias e Amaro Pau de Graxa, ambos da Ala de Harmonia da Mocidade Louca. No dia seguinte, ele anuncia que, em função da Carta do Samba, passou a ser obrigatória a Ala de Baianas nos desfiles das escolas de samba.
O destaque no dia 6 era a bronca de Benedito Caetano. Ele protestava contra o tratamento dado aos cordões carnavalescos. Culpava o presidente da Federação das Pequenas Sociedades Carnavalescas, José Sartro Costa de menorizar as verbas para o seu Temor do Norte e, também, para os concorrentes Triunfo das Cores, de Moacir Ferreira; e Estrela de Ouro, do popular Arraia.
No dia 7, Nilson abria espaço para o carnaval de São Fidélis, inclusive publicando um belíssimo poema do samba-enredo do Unidos do Careca, cujo tema era a Serra do Sapateiro. Naquele tempo, segundo o registro, havia, ainda, no carnaval, desfiles de escolas, blocos de samba, blocos de embalo, cordões, ranchos e blocos de escudo. Tanto que, o carnaval daquele ano fora aberto pelo Clube do Frevo - Os Lenhadores -, dirigido pelo compositor Climeraldo Crespo Viana. Com um detalhe interessante: este frevo, o Rancho Chuveiro de Prata e o Bloco Prazer das Morenas, por falta de concorrentes desfilaram como vencedores do carnaval.
O colunista publica reportagem com a professora Mercedes Oliveira, a famosa Lourinha da Lapa de tantas tradições dos carnavais campistas. Na coluna do dia 10, Nilson Maria dá destaque às fantasias de algumas colunáveis, como Célia Cíntia Gazineu de Barros, Beth, Viviane e Lia Miriam Aquino, Ana Márcia Lisandro Ribeiro Gomes e Helena Bousquet.
O carnaval era encerrado com a publicação dos vencedores: União da Esperança, com a explosiva bronca do comerciante Amaury Azevedo, presidente da Unidos da Coroa que, segundo declarou, fez um carnaval para vencer seus concorrentes.

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